Não é muito fácil escrever sobre artistas. Nem sobre fotógrafos e nem sobre qualquer pessoa que tenha a criatividade como ferramenta de trabalho. Mas, a gente tenta, com todo o coração, passar em texto, sensações e experiências vividas. Então, aqui estou eu, escrevendo sobre Gordo Muswieck, ou Gordo17, como ele assina suas obras. Estive esses dias conversando com ele sobre como é difícil trabalhar com o que a gente ama. Sim, pessoal, é difícil. Você não desliga, não consegue parar de produzir, tem dificuldade de formular um preço sobre suas criações - é que existem coisas que o dinheiro não compra! =) - e também é completamente complicado ter horários de trabalho mais ou menos fixos. Mas é tão bacana! ♥ Vale cada segundo de vida!
Falamos sobre a sua primeira exposição individual, que vai rolar nessa próxima quinta-feira, dia 12 de março, na Galeria de Arte JM. Moraes, a partir das 19h. Conversamos também sobre esse mundo tão acelerado, que nos acelera também, ao ponto de querermos fazer 50 coisas em um dia. Sabe essa pressão interna por produtividade e ansiedade? Então, isso super nos afeta, você não está sozinho! Aliás, esse foi o resumo do nosso encontro lá em seu atelier: não estamos sozinhos. Tanto nas vitórias quanto nas crises semi existenciais. Dá só uma lida na entrevista que fiz com ele e nas fotos que tirei dos bastidores. Vem comigo!
Grazy Pacheco: Gordo, explica pra gente como que você começou a pintar, a grafitar. Da onde surgiu essa paixão?
Gordo Muswieck: Bom, conheci a técnica do spray no ano de 2000, mas o graffiti veio em 2001. Era no Ensino Médio quando entrou um colega novo que passava a aula inteira desenhando, então resolvi me juntar a ele. Tinha a sorte de ter do lado da casa onde morava na época, três casas abandonadas. Pulávamos para treinar as técnicas para depois ir para a rua pintar e começar a se espalhar.
GP: A sua primeira exposição individual tem como nome "Se Espalhando". O que isso quer dizer? Qual a mensagem que você quer passar?
GM: Essa "teoria" criei a pouco tempo. Ao longo desses 14 anos percebi que o que vinha fazendo era na verdade "me espalhar", deixando um "pedaço" de mim em cada lugar que pintava. Pois quando vejo uma pintura de alguém por cidades onde passo, vem direto na minha cabeça: "po, ele teve exatamente aqui deixando sua mensagem." Então comecei a pensar: "será que pensam a mesma coisa quando olham minha arte?". Daí então comecei a acreditar nisso, que sempre lembram de mim de alguma forma, dependendo da mensagem que quis passar ou do jeito que cada um entendeu ela. Nessa ideia de pensamento comecei a levar minha arte para o lado de dentro das casas, querendo que lembrassem e tivessem um pouco de mim em todo o lugar. Não só nas ruas, me fazendo consequentemente pintar todo tipo de superfícies e materiais.
GP: Como essa interação tão singular da rua com a casa (ainda mais na cultura brasileira), pode ser trabalhada com a sua arte, que veio da rua e está invadindo a casa de muitas pessoas?
GM: Olha, costumo brincar com isso, testar bastantes materiais, diferentes do que uso na rua. Aí vem outro pensamento que tenho. Na cultura do graffiti temos uma ideia em que, quando o graffiti entra na galeria ou em um espaço fechado, ele deixa de ser graffiti. Com isso comecei a mudar os materiais que uso na rua, e que uso para pintar minhas telas. Outra discussão que levo em meu trabalho.
GP: Como você vê o panorama do graffiti em Pelotas? Onde mais você quer ver a sua arte se espalhando?
GM: Aqui em Pelotas está melhorando bastante nesses anos em que estou no meio. As pessoas estão aceitando mais o graffiti e valorizando cada vez mais a arte! E na verdade, quero manter bem essa ideia do "se espalhar" mesmo. Então, por mais lugares que ela estiver, mais feliz vou estar, pois acredito que estarei de alguma forma em vários lugares ao mesmo tempo, na cabeça das pessoas!
Adorei muito estar em contato com o graffiti e a arte do Gordo. Muito bacana ver talentos locais sendo valorizados aqui e fora de Pelotas. Vida longa ao graffiti pelotense, que todos consigam se espalhar ainda mais! Se você quer saber mais sobre a exposição do Gordo que rola nessa semana, é só clicar AQUI!
E aí, o que você achou? Não esqueça de comentar!
Fotos: Grazy Pacheco
Com carinho,
Grazy.