Caro amigo, viaje

Caro amigo, viaje. Acho uma pretensão dar conselhos. Mas por ora, me contradigo, aconselho-te: viaje.
Wislaya Zambroska, uma de minhas favoritas escritoras, em um de seus poemas, aponta: “(…) De nós próprios só sabemos, o que nos foi posto à prova. É isto o que eu vos digo deste meu coração que desconheço.” Tão sábio, tão óbvio e tão necessário olhar para esse nosso coração que tanto desconhecemos. E acredito piamente na propensão das viagens para gerar esse impulso de se descobrir, mesmo que inconscientemente. Pois podia eu, contar-lhe sobre o que já vi, mas é preciso ver para saber e sentir para entender. Enfim, pôr a prova.

Quando comecei a viajar e pegar gosto pela coisa, tinha convicção que viagens eram feitas para se perder. Jogava-me, engolia a nova cidade com voracidade e era completamente avoada, queria mais era viver impulsivamente. Todavia, sou do partido que defende a sapiência do inconsciente, e sei que nele, registro tudo dessa fase, digamos, destrambelhada. Aos poucos fui percebendo que modificava, que minhas referências aumentavam e que resgatá-las era o resultado mais rico de uma viagem. Nesse caminho, que ao mesmo tempo amadurecia, enxergava as viagens muito mais como pontos de encontro comigo mesma.

Claro, muitas vezes, era como se tivesse marcado um encontro e sentada na cafeteria, olhava o relógio de minuto a minuto e o resultado era soidade. Acho que faz parte do processo entre enxergar nosso interior e arranjá-lo em harmonia com o mundo lá fora. 
 
De repente, aprendi que a conversa, a troca, a aproximação com o outro, me desprendia de mim mesma e era justamente isso que me tornava mais eu. Era olhando para o outro que me reconhecia, ou pela semalhança ou pela diferença. Mas, vivenciar o outro como se fosse uma festa, como se fosse um professor informal, que sem falar, diz: a vida é muito mais que teu umbigo, levanta a cabeça, há um horizonte logo ali. 

Pessoas e sua simplicidade complexa, isso é a vida, meus amigos! É a parte tangível, que estampa a realidade na nossa cara. Por isso, olhos atentos! Do mundo, somos apenas um pedaço muito pequeno. Sair do lugar comum, se aventurar, mudar por instantes, é aprendizado que revigora, é alforria que só nós mesmo podemos nos conceder. Sobre minhas descobertas, por exemplo, o Hawaii sussurrou-me sobre coragem, dinamismo e uma força que instiga a vontade de viver.

Hawaii
O México cantarolou-me sobre sobrevivência, sobre costumes, sobre hospitalidade. Cuba, salseou sobre garra, sobre carência, sobre decadência, sobre alienamento instuítdo. Mas muito sobre alegria e a vontade de ver um mundo mais bonito.

Cuba
México

Já a Tailândia sensibilizou-me sobre crença, sobre humildade, sobre leveza, delicadeza e com certeza, sobre a cultura mais distinta da nossa, com a qual já me deparei. Enfim, há riqueza em tudo e em todos, basta querer ver. E meu maior desejo é que o mundo se abra cada vez mais, uns para os outros, e que as diferenças se tornem motivo de compartilhamento e enriquecimento e não de distanciamento pelo preconceito à diferença. Viva la vida, já pintava Frida Kahlo, em melancias de um vermelho vivo!

Tailândia
Autoria do texto: Juliana Goulart (a loirinha das fotos).

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Bjos