A continuação do primeiro vem ainda mais audaciosa, mais real, atualizada, usando elementos conhecidos por todas as camadas da população. Problemas reais, personagens reais, ideologias reais e o resultado é uma “ficção verdadeira”. É claro, que se trata de um filme, não é um olhar natural sobre as coisas, mas todos nos vemos representados, porque fazemos parte de um arranjo social que permite essas atrocidades, além disso, as encoberta.
O outro inimigo a quem o título se refere são os próprios membros do governo e da polícia. A causa do desapontamento do Herói Nascimento também vem da relação conturbada com o filho, o marido de sua ex-mulher e a desilusão com tudo o que fez pelo BOPE. Vemos o quanto o Capitão envelheceu, atrofiou, mas não deixou de acreditar que podia fazer mais pela segurança do Rio de Janeiro.
Agora, as milícias cariocas são seu alvo. A associação com fatos reais e importantes para a nossa sociedade é algo inesperado e muito inteligente. O filme mostra os entremeios do governo do Estado, as sujeiras, os omissos, os bandidos de terno e gravata e a grande sede por poder e dinheiro.
Braga, o defensor dos direitos humanos e em primeira instância concorrente do Caveira, no final se torna um aliado, um caminho por onde pode chegar as denúncias, as provas e a voz de Nascimento. O final é inspirador!
Espero que de cinco pessoas que virem o filme, três saia com o que há de melhor nele: a possibilidade de se fazer justiça com a palavra e não com as armas. A chance que temos de sermos ouvidos, mesmo que para isso corramos o risco de derramarmos o nosso sangue.
bjo bjo
@GrazielePacheco
Fotos: Google