Se tem uma década na qual eu gostaria de ter vivido como jovem, realmente seria os anos 60. E, de qualquer forma, acabo vivendo, pois a moda sempre retorna suas antenas para o que foi vivido e criado nessa década. Não é para menos, a década de 60 foi revolucionária em vários sentidos. Foi a partir daqui que o jovem começou a ser valorizado como tal, ao ponto de se tornar o ideal de uma sociedade, sendo um modelo absoluto no ocidente. Assim, a moda teve que atender a essa camada enorme de jovens consumidores, que não queriam saber de alta costura, de esclusividade e de tendências que duravam décadas inteiras. E é justamente isso que vivemos até hoje.

A sexualidade também começou a ser discutida, virando assunto público e tema de livros e revistas dedicados a iniciação sexual. A pílula surgiu e concedeu à mulher a liberdade que tanto era necessária, a livrando de uma gravidez indesejada. Assim o sexy entrou super nessa onda e o bacana era ser jovem, sensual, mas com cara de ingênua. Twiggy está aí para provar isso. Imaginem o que era para as gerações mais velhas ver uma mulher com um corpo magro, sem curvas femininas, se tornando a primeira top-model?

Depois do New Look dos anos 50 - cintura super marcada e saias rodadas, lembram? - Yves Saint Laurent, em 1958, ditou o que seria a linguagem visual perfeita para os anos 60 ao criar o vestido em linha trapézio. Assim os vestidos e casacos compridos não tinham cintura marcada, eram estreitos em cima, e curtinhos. Sim, parecem vestidos de criança! haha Mas tinham suas diferenças. Não haviam muitos adornos e frufrus, eram feitos em tecidos rígidos, e muitas vezes sintéticos, o furor da modernidade na época. A ideia era ter esse toque excêntrico, provocador, nada convencional, ou seja, a linguagem perfeita para os jovens causarem.


Começou a rolar também pela primeira vez uma discussão de gênero pela moda. Houve uma inversão de papéis. As mulheres não valorizavam as suas curvas femininas, a intenção era um ideal quase que assexuado, usavam muitas calças e cabelos curtos. Os homens, por sua vez, deixavam os cabelos compridos e usavam roupas mais justas, mostrando mais as curvas do corpo.


Foi nessa época também que os grandes estilistas deixaram de ditar moda, dando esse lugar às celebridades, as estrelas pop da televisão e do cinema. Também foi nessa época que a moda de rua - street style - deu um boom, onde os jovens começaram a criar a sua própria moda e logo serveriam de inspiração para a própria alta costura. 


Tá, mas e agora, o que a gente pode encontrar com essas referências? Muito fácil: blusa de gola rolê, calças mais curtas - mostrando os tornozelos -, saias com botões na frente, saias trapézios, óculos de acrílico, sapatilhas e sapatos com saltos quadrados e confortáveis, meias 3/4, t-shirts em matériais nobres e com corte mais quadrado.


Além das maquiagens mais suaves, dos cabelos mais armados no cocuruto, faixas e laços nos cabelos, os sapatos com referência masculina, as peças com linhas retas, poucos adornos e tecidos mais rígidos, além das estampas gráficas que a gente ama desde sempre! O estilo boyish que falamos AQUI vem muito dessa época! 


Tenho pra mim que a moda sempre volta a uma década que viveu algo parecido com o que está se vivendo no momento, parece buscar respostas. Todas essas caractéristicas que falei aí em cima fazem parte da nossa vida atual, mas naquela época, nos anos 60, eram revoluções. É justamente isso que buscamos hoje: revoluções! Temos uma série de dificuldades, que como sociedade, não conseguimos superar. De certa forma até invejamos as pessoas que viveram nos anos 60 e que conseguiram dar passos que hoje não damos. Invejinhas à parte, é uma década tão forte, visualmente falando, que é sempre bacana olhar para ela!

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Com carinho,
Grazy.